Sempre é mais fácil abandonar os problemas do que resolvê-los. E sempre que você puder abandonar um problema, é melhor abandoná-lo que resolvê-lo, porque mesmo se você for bem sucedido na solução dele — o que é muito difícil — alguma coisa dele continuará em uma forma modificada.
Assim, a respeito de problemas, é preciso ser muito, muito específico. Primeira coisa: se você puder abandoná-los, deixá-los de lado, é melhor que resolvê-los. Se eles não puderem ser abandonados, somente então tente resolvê-los.
E a minha compreensão é de que se você estiver pronto para abandoná-los, noventa e nove por cento dos problemas poderão ser abandonados. Não há necessidade alguma de resolvê-los — eles não valem o esforço.
Se você viver muito tempo com os problemas, eles tendem a se tornar parte de seu ser. Então, uma parte de seu ser se agarra a eles e outra parte tenta resolvê-los — existe uma dicotomia. Então você se move para direções diametralmente opostas, porque uma parte tornou-se tão acostumada a eles que sem eles não será capaz de viver.
Eu conheci um casal. O marido era um alcoólatra e por quase quinze anos a esposa esteve continuamente brigando. Aquele era seu único problema. Ela veio a mim e disse: "Esse é o único problema. Se você puder resolvê-lo... E meu marido vem a você — ele é quase um discípulo seu. Ele é louco por você porque quando ele fica bêbado, ele só fala de você — nada mais! Por isso, ajude-me! Eu não desejo nenhuma iluminação," disse a mulher, "Eu não quero paz alguma em minha mente. Se meu marido não ficar mais nesse estado louco, eu estarei perfeitamente feliz."
Assim, eu falei com o marido: "Apenas por sete dias tente não beber e vamos ver o que acontece." Por sete dias ele parou. Em primeiro lugar, a mulher nunca esperava por isso. Ela tinha falado sobre isso, mas não tinha expectativas. O investimento de quinze anos de repente se foi — nada mais havia para falar a respeito, nenhum motivo mais para brigar.
E não era apenas isso — o poder dela, a atitude dela que era 'mais santa que ele'... De repente o marido não era mais aquele companheiro indecente, bêbado, e ela não podia puxá-lo para baixo repetidas vezes por todo o dia.
No sétimo dia eu fui à casa deles e perguntei: "Como você está se sentindo?" Ela disse: "Eu estou me sentindo triste. Isto é estranho — ele realmente parou! Mas eu estou me sentindo muito triste — como se todo o trabalho da minha vida tivesse se perdido. Agora eu não vejo razão pela qual eu devo viver. Aquilo havia se tornado um sentido para mim."
É muito perigoso viver com problemas por muito tempo – eles se tornam o seu sentido. Assim, imediatamente, sempre que existir um problema, a primeira coisa é: se você puder, abandone-o.
Se você não puder abandoná-lo de maneira alguma, então resolva-o. O problema que não pode ser abandonado, merece ser resolvido e você crescerá através disso.
Osho, em "Blessed are the Ignorant"
Tradução: Sw. Bodhi Champak
Imagem garimpada do blog: http://milasville.blogspot.com/2010/12/o-que-eu-deixei-para-tras-em-2010.html
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