Então, um homem se dirigiu a ele: - Fala-nos do conhecimento de si!
E ele respondeu: - Os vossos corações conhecem, no silêncio, os segredos dos dias e das noites. Mas os vossos ouvidos têm sede de ouvir, no final, o eco do saber dos vossos corações.
Gostaríeis de saber pelo verbo o que sempre soubestes pelo pensamento. Gostaríeis de sentir com os dedos o corpo nu dos vossos sonhos. E está certo que assim o queirais.
A fonte oculta da vossa alma deve necessariamente jorrar e correr, murmurando, até o mar; e o tesouro das vossas profundezas infinitas deve revelar-se aos vossos olhos. Mas que não haja balança que pese o vosso tesouro desconhecido; e não procureis explorar os abismos do vosso saber com a vara ou com a sonda, pois o eu é um mar sem limites e sem medida.
Não digais: «Encontrei a verdade», mas antes: «Encontrei uma verdade.» Não digais: «Encontrei o caminho da alma.» Mas antes: «Cruzei-me com a alma no meu percurso.»
Pois a alma caminha por todas as vias. A alma não anda sobre uma linha nem se alonga como uma vara. A alma abre-se a si mesma, como se abre um lótus de incontáveis pétalas.
Kahlil Gibran
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