A paz de Deus vem à mente quieta - UCEM

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"Não busque mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo" (UCEM)

"Não busque mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo" (UCEM)
O Perdão é a chave para a Felicidade... Nada real pode ser ameaçado. Nada irreal existe. Nisso está a Paz de Deus.

Um Curso em Milagres

quinta-feira, 25 de junho de 2009

“EU OUVI DIZER” - Por Osho




- Certa vez, Gautama Buda estava passando por uma floresta no outono. A floresta estava cheia de folhas secas, e Ananda, ao encontrá-lo sozinho, perguntou-lhe: “Sempre quis perguntar isto, mas diante dos outros não pude ousar. Diga-me a verdade: você nos disse tudo que sabe ou ainda está guardando algum segredo?”Gautama Buda apanhou algumas folhas do chão e disse a Ananda: “Eu disse apenas este tanto: as folhas que você vê em minha mão. Mas o que sei é tão vasto quanto às folhas desta grande floresta. Não é que eu queira guardar isso pra mim, mas é simplesmente impossível! Até mesmo falar sobre algumas folhas é um árduo esforço, porque está acima da sua capacidade de entender. Você conhece os pensamentos; você conhece as emoções, mas nunca conheceu um estado em que todas as emoções estão ausentes, como se todas as nuvens do céu tivessem desaparecido.”“Estou dando o melhor de mim”, ele disse, “porém, mais do que isso não é possível transferir por meio de palavras. Se eu puder fazer você entender apenas esse tanto: existe muito mais na vida do que as palavras podem conter; se eu puder convencê-lo de que há algo mais do que sua mente conhece, isso é suficiente. Então a semente está plantada”.Por toda a vida, Gautama Buda nunca permitiu que escrevessem o que ele dizia. Seu motivo era que, se alguém escrevesse, a atenção da pessoa ficaria dividida e ela deixaria de ser total. Ela precisaria ouvir e escrever, e o que ele estava dizendo era tão sutil que, a menos que ela fosse total, perderia a mensagem. Assim, em vez de escrever, ela deveria tentar, com toda sua totalidade e intensidade, abordar seu coração e deixar que a mensagem mergulhasse dentro de si.Ele falou por 42 anos e, após a morte dele, a primeira tarefa foi a de anotar por escrito tudo de que os discípulos se lembravam; senão, tudo estaria perdido para a humanidade. Eles fizeram um grande serviço, e também um grande desserviço. Eles escreveram coisas, mas vieram a perceber um fenômeno estranho: cada um ouviu algo diferente. Suas memórias, suas lembranças, não eram as mesmas.Surgiram 32 escolas proclamando: “Foi isso o que Buda disse...” Apenas um homem, um homem a ser lembrado para sempre, seu discípulo mais íntimo, Ananda, que nem mesmo era iluminado antes da morte de Buda... Devido à sua humildade, sabendo que “Eu não era iluminado, então como eu poderia ouvir exatamente o que vinha de uma consciência iluminada? Eu interpretarei, misturarei com meus próprios pensamentos, darei minha própria cor, minha própria nuance. Não posso carregar em mim o mesmo significado original, pois ainda não tenho aqueles olhos que podem ver, aqueles ouvidos que podem ouvir”. Devido à sua humildade, as coisas de que ele se lembrou e sobre as quais escreveu se tornaram as escrituras básicas do Budismo, e todas elas começam com: “Ouvi Gautama Buda dizer...”E todas as 32 escolas filosóficas foram aos poucos sendo rejeitadas, e seus membros eram grandes eruditos, muito melhores do que Ananda, muito mais capazes de interpretar, de dar significados às coisas, de criar sistemas a partir de palavras. E a razão dessa rejeição foi que elas omitiram um começo simples: “Ouvi...” - Elas diziam: “Gautama Buda disse...”; a ênfase estava em Gautama Buda.A versão de Ananda é a versão universalmente aceita. Estranho... havia iluminados, mas eles permaneceram em silêncio, pois o que escutaram não era possível ser expresso. E havia não-iluminados, gênios da filosofia, muito articulados, e eles escreveram grandes tratados, mas não foram aceitos. E a pessoa que não era iluminada, que não era um grande filósofo, mas apenas um humilde zelador de Gautama Buda, teve suas palavras aceitas. A razão é este começo: “Ouvi...” - Não sei se ele estava ou não dizendo isso. Não posso me impor sobre ele. Tudo o que posso dizer é o que ecoou em mim. Posso falar sobre a minha mente e não sobre o silêncio de Buda.

(Texto extraído do excelente livro “Buda – Sua Vida e Seus Ensinamentos” – Osho – Editora Cultrix.)

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