A paz de Deus vem à mente quieta - UCEM

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"Não busque mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo" (UCEM)

"Não busque mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo" (UCEM)
O Perdão é a chave para a Felicidade... Nada real pode ser ameaçado. Nada irreal existe. Nisso está a Paz de Deus.

Um Curso em Milagres

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A presença





Uma mulher na faixa dos 30 anos de idade veio se consultar comigo. Enquanto ela me cumprimentava, senti o sofrimento por trás do seu sorriso educado e superficial. Ela começou contando a história da sua vida e, um segundo depois, seu sorriso se tornou uma expressão de dor. Em seguida, começou a soluçar de maneira incontrolável. Disse que se sentia solitária e insatisfeita. Acalentava muita raiva e tristeza. Quando criança, fora vítima de maus tratos infligidos por um pai violento., Logo constatei que sua infelicidade não era causada pelas circunstâncias da sua vida atual, e sim por um corpo de dor muito pesado que se tornara o filtro através do qual ela analisava sua situação de vida. Essa mulher ainda não era capaz de detectar a ligação entre a dor emocional e seus pensamentos e estava identificada com ambos. Ela não conseguia ver que continuava aumentando o corpo de dor com seus pensamentos. Em outras palavras, vivia com o fardo de um eu profundamente infeliz. De algum modo, contudo, deve ter compreendido que a origem daquilo estava no seu próprio interior, que ela era uma carga para si mesma. E estava pronta para despertar - por esse motivo decidira ir àquela consulta.
Direcionei o foco da sua atenção para o que estava se passando dentro do seu próprio corpo e lhe pedi que sentisse a emoção diretamente, que não usasse o filtro dos seus pensamentos infelizes, da sua história triste. Ela disse que esperava que eu lhe mostrasse o caminho para sair da infelicidade, e não para entrar nela. Porém, mesmo relutante, atendeu minha solicitação. As lágrimas rolavam por sua face, todo o seu corpo tremia.
- Neste momento, o que você sente é isto - eu disse. - E não há nada que você possa fazer nesse sentido. Mas, em vez de querer que este momento seja diferente do que ele é, o que lhe causa ainda mais sofrimento, consegue admitir completamente que isto é o que você está sentindo neste exato instante?
Ela ficou calada por alguns segundos e depois respondeu com raiva:
- Não, não quero aceitar isso.
- Quem está falando? - perguntei. - Você ou sua infelicidade? Consegue ver que sua infelicidade com o fato de ser uma pessoa triste é apenas outra camada de infelicidade?
Mais uma vez ela se manteve calada.
- Não estou lhe dizendo para fazer alguma coisa. Tudo o que estou pedindo é que descubra se tem condições de permitir que esses sentimentos permaneçam com você. Em outras palavras, e elas podem parecer estranhas: se você não se importar em ser infeliz, o que acontecerá com a infelicidade? Não quer descobrir?
Por um instante ela pareceu confusa e ficou sentada ali em silêncio por um minuto mais ou menos. De repente, notei uma mudança significativa no seu campo energético. Depois respondeu:
- Isto é esquisito. Ainda estou infeliz, mas agora existe um espaço em volta da minha infelicidade. Ela parece ter menos importância.
Essa foi a primeira vez que ouvi alguém descrever a situação desta maneira: existe um espaço ao redor da minha infelicidade. Esse espaço, é claro, é criado quando há aceitação interior de qualquer coisa que estejamos sentindo no momento.
Não falei muito depois disso para permitir que ela vivenciasse a experiência. Mais tarde, essa mulher compreendeu o que havia acontecido. No momento em que ela interrompeu a identificação com o sentimento, isto é, com a antiga emoção dolorosa que acalentava, no instante em que lhe dirigiu sua atenção sem tentar resistir, essa emoção deixou de ter a capacidade de controlar seu pensamento e, assim, de se misturar a uma história construída mentalmente chamada "Como Sou Infeliz". Outra dimensão havia se manifestado na sua vida e transcendia seu passado - a dimensão da presença. Como ninguém pode ser infeliz sem uma história triste, aquilo representava o término daquele sofrimento. E também o começo do fim do seu corpo de dor. A emoção em si não é infelicidade. Apenas a emoção associada a uma história triste é infelicidade.
Depois de encerrada a sessão, foi gratificante saber que eu tinha acabado de testemunhar o surgimento da presença em alguém. A própria razão da nossa existência na forma humana é trazer essa dimensão de consciência para o mundo. Eu também assistira a uma diminuição do corpo de dor, e não lutando contra ele, mas levando-lhe a luz da consciência.
Minutos depois que essa mulher saiu, recebi a visita de uma amiga. Assim que ela entrou na sala, perguntou: "O que aconteceu aqui? A energia parece pesada, sombria. Estou até me sentindo um pouco mal. Você precisa abrir as janelas, acender um incenso."
Expliquei que eu tinha acabado de testemunhar uma importante liberação de energia numa pessoa que tinha o corpo de dor muito denso. Portanto, aquilo que ela estava sentindo devia ser o resto da energia que fora emanada durante a sessão. Minha amiga, porém, recusou-se a ficar e escutar. Tudo o que ela queria era sair dali o mais rápido possível.
Abri as janelas e saí para jantar num restaurante indiano nas redondezas. O que aconteceu enquanto permaneci ali foi uma confirmação adicional e muito clara do que eu já sabia: todos os corpos de dor humanos, que aparentemente são individuais, estão interligados em algum nível. No entanto, a forma que essa ratificação em particular assumiu foi uma espécie de choque.

Um Novo Mundo - O despertar de uma nova consciência - Eckhart Tolle

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