Os Vedas são a fonte original de todo e qualquer conhecimento e sua origem é transcendental. Desse modo, não há ramo de conhecimento material ou espiritual que não esteja contido nos textos védicos originais. O conhecimento de uma pessoa sob a influência da energia material está sempre sujeito a quatro tipos de defeitos: sua mente e intelecto têm a forte tendência de se iludir, seu comportamento está sempre manchado de erros, seus sentidos de percepção são defeituosos e limitados e, para satisfazer seus interesses pessoais, ela é capaz de enganar as outras pessoas. Na verdade, é comum que uma pessoa na plataforma material manifeste um ou mais destes defeitos de uma só vez. No entanto, devemos compreender que o conhecimento védico não possui nenhum destes defeitos, pois foi transmitido pela Pessoa Suprema – uma fonte completamente transcendental. O receptor original deste conhecimento foi o primeiro ser vivo, o Senhor Brahma, o qual existiu antes mesmo da criação material. Brahmaji foi dotado de poder pelo Senhor para criar o mundo material com o propósito de dar uma nova oportunidade às almas condicionadas que não alcançaram a liberação na criação anterior. Depois de cumprir esta missão, Brahma transmitiu este conhecimento védico ao sábio Narada que, por sua vez, o transmitiu a seu discípulo Vyasadeva que, com o propósito de preservá-lo, registrou-o na forma literária.
Uma vez que os Vedas têm como propósito último fornecer conhecimento sobre a auto-realização espiritual, os seus temas são compreendidos apenas por pessoas com excepcionais qualidades de bondade, e não podem compreendê-los as pessoas sob a influência da paixão e da ignorância. Por este motivo, no início da era de Kali, o grande sábio Vyasa dividiu os Vedas em vários ramos, tornando-os acessíveis às pessoas menos inteligentes, situadas na paixão e na ignorância. Especialmente, o sábio Vyasa preparou o Mahabharata, uma compilação admirável repleta de histórias que prendem a atenção de qualquer tipo de pessoa, e, dentro do Mahabharata, incluiu a essência do conhecimento védico na forma do Bhagavad-gita. A realidade é que as pessoas comuns se interessam muito mais por histórias fascinantes do que por filosofia profunda. Assim, Vyasadeva compôs o Mahabharata, e prendeu a atenção dos leitores menos inteligentes com a incrível história da disputa pelo trono entre as dinastias Kaurava e Pandava. O interessante é que no momento mais crítico da história, exatamente quando a Batalha de Kurukshetra está por começar, o Senhor Krishna entra em cena e transmite Sua mensagem maravilhosa, ou seja, o Bhagavad-gita. Na verdade, toda a trama política e envolvente do Mahabharata não passa de um arranjo divino para prender a atenção dos leitores para que o Senhor Krishna possa derramar um oceano infinito de instruções sublimes sob a forma do Bhagavad-gita, o resumo da verdadeira essência dos Vedas.
As próprias escrituras védicas não se cansam de glorificar as qualidades singulares do Bhagavad-gita. Isto porque o Bhagavad-gita emanou diretamente da boca da maior autoridade em conhecimento, Sri Krishna, o qual é glorificado em todos os Vedas como Mahaprabhu, o Mestre Espiritual Supremo, e Purushottama, a Maior de Todas as Personalidades. Devemos ser entusiastas em estudar o Bhagavad-gita e compreender que ele é a manifestação da ilimitada bondade do Senhor, que, em apenas 700 versos, apresentou toda a essência do conhecimento contido em todos os Vedas.
Nesta era atual, as pessoas têm uma curta duração de vida e não são muito entusiastas e qualificadas para estudar a imensidão de textos védicos, tais como os Puranas, Upanishads, Vedanta-sutra, etc. Desse modo, ao estudarem simplesmente o Bhagavad-gita, todos poderão se elevar ao estado de sabedoria e iluminação transcendental. Portanto, assim como os Vedas, o conhecimento apresentado no Gita é eterno e imaculado e se destina ao homem fiel que tem o desejo sincero de compreender o tema de como se livrar das garras da existência material e alcançar uma existência eterna e plena de felicidade. O Bhagavad-gita é o primeiro livro de valores espirituais e eleva o seu estudante para que ele possa iniciar seu estudo da filosofia Vedanta para, finalmente, ingressar no bhagavata-dharma, ou seja, serviço devocional amoroso ao Senhor.
Segundo os Vedas, o cosmos material se manifesta em ciclos de quatro eras: Satya, Treta, Dvapara e Kali. A era de Satya é caracterizada pelas boas virtudes e todos os seres humanos que vivem na Terra são repletos de qualidades divinas. Na era de Treta, há um declínio das virtudes e a Terra passa a abrigar ao mesmo tempo seres divinos e seres demoníacos. Na era de Dvapara, o aumento da irreligião e da impiedade se acentua e o divino e o demoníaco passam a viver na mesma família. Finalmente, na era de Kali, ou era das trevas, há um predomínio total de irreligião, hipocrisia e desavenças, e a natureza divina e demoníaca habitam lado a lado no mesmo corpo.
Desse modo, foi há cinco mil anos, entre o final da era de Dvapara e o começo da era de Kali, que a Pessoa Suprema, Bhagavan Sri Krishna, veio à Terra e transmitiu para Arjuna este conhecimento sublime do Bhagavad-gita, removendo, assim, todas as suas dúvidas, ansiedades e lamentações. O cenário do Bhagavad-gita foi o campo sagrado de Kurukshetra, minutos antes da batalha mais violenta já registrada pela história dos últimos tempos. Naquela época, a Terra e seus habitantes estavam sendo atormentados pela influência perturbadora de indivíduos materialistas e cobiçosos e, como é confirmado no Capítulo Quatro do próprio Bhagavad-gita, em tais situações, o próprio Senhor sempre desce a este ou qualquer outro planeta para eliminar os elementos indesejáveis e proteger diretamente as pessoas piedosas.
Sendo um companheiro eterno do Senhor Krishna, o guerreiro Arjuna está sempre livre de qualquer classe de ilusão. Entretanto, ele foi colocado em ilusão pessoalmente pelo Senhor, porque o Senhor desejava transmitir os ensinamentos do Bhagavad-gita para as futuras gerações. Desse modo, representando o papel de uma pessoa absorta em sofrimento material, Arjuna pôde formular perguntas relevantes sobre os verdadeiros problemas da vida.
Devemos entender que Arjuna está representando a nossa posição, pois, quer compreendamos ou não, na existência material convivemos frequentemente com ansiedades e temores. Portanto, temos de primeiramente seguir o exemplo de Arjuna que admitiu sua incapacidade de, sozinho, solucionar os problemas que surgiram diante dele no Campo de Batalha de Kurukshetra. Depois disso, temos de aceitar o abrigo do Senhor e seguir Suas instruções divinas, independente do nível de educação ou inteligência que possamos ter. A realidade é que não temos a capacidade de encontrarmos as devidas soluções para os problemas que surgem na vida, pois, em nossa vida prática, é como se estivéssemos no Campo de Kurukshetra, onde a batalha entre o bem e o mal acontece a todo momento. Arjuna mostrou-nos que, se quisermos vencer esta grande batalha interna, temos de nos armar com o conhecimento transcendental do Bhagavad-gita, o qual não foi destinado apenas ao guerreiro. Na realidade, tais instruções sublimes não se aplicam apenas àquele momento ou lugar específico, mas servem para todos os tipos de pessoas, em todas as épocas e lugares. Isto significa que, ainda hoje, se uma pessoa for inteligente o bastante para compreender o Bhagavad-gita do mesmo modo que Arjuna o compreendeu, ela será tão beneficiada como Arjuna, o qual estava na presença pessoal do Senhor.
Faz parte do conhecimento transcendental compreender que, uma vez que o Senhor é absoluto, não existe diferença entre Ele e Suas instruções. Materialmente falando, a associação entre uma pessoa e outra depende do contato pessoal físico, mas na plataforma espiritual a situação é diferente. Na verdade, o Senhor Krishna transmitiu estes ensinamentos sublimes, os quais foram registrados pelo grande sábio Vyasadeva, para que sempre tenhamos a oportunidade de estar recebendo instruções do Senhor mesmo que Ele esteja fora de nossa visão material. Por si sós, nossos sentidos materiais limitados nunca nos darão acesso à compreensão do Senhor ilimitado. Entretanto, justamente por ser ilimitado, o Senhor pode Se revelar mesmo àqueles que possuem sentidos limitados, pois, caso Ele não pudesse, o próprio Senhor também seria limitado como um de nós.
O Senhor possui poderes inconcebíveis. Desse modo, sendo uma das energias do Senhor, a energia material pode ser espiritualizada pelo Seu desejo transcendental. Desse modo, a representação de uma escritura como o Bhagavad-gita é uma representação sonora autêntica do Senhor e é especialmente destinada à percepção sensorial que possuímos neste momento.
O Livro em PDF: http://www.sintoniasaintgermain.com.br/bhati114.html
Parabéns, por este blog ele realmente nos toca profundamente Maria Tereza , trazendo uma mensagem para o Despertar, da nossa real natureza Divina, muito obrigado por este belíssimo trabalho, quero também convida-la a visitar também o nosso blog. http://www.felicidadeandliberdade.blogspot.com/
ResponderExcluirBem vindo ao blog Marcos e gratidão p/sua presença carinhosa.
ResponderExcluirVisitei seu blog e já lhe sigo.
Namastê!