Recentemente , li uma observação arguta e eloqüente sobre um certo tipo de relacionamento amoroso: aquele em que um dos dois é qualificado de “assaltante emocional” – pessoa “sempre com a arma na cabeça do companheiro, exigindo, exigindo”.
Quando em um namoro ou casamento um dos parceiros sente-se “assaltado” pelo outro, isso quer dizer que o amor não está dando as cartas. O controle da situação foi assumido pelo ciúme, egoísmo, vaidade, prepotência e possessividade. Pois enquanto o amor predomina, a relação é marcada por altruísmo, generosidade, humildade e respeito pelo parceiro.
A confusão entre possessividade e amor é freqüente. Virou até um adesivo para se colocar no vidro traseiro do carro: “Não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho.” Quem acredita nessas palavras ainda não aprendeu que amor é doação, respeito, admiração e liberdade. Amor tem a ver com ser e estar. Não com ter e possuir.
A imagem do “assaltante emocional” descreve com precisão um tipo de comportamento que é característico de quem se deixou envolver pelo ciúme e perdeu o controle dos sentimentos, tornando-se escravo das emoções. Ora, amor é um sentimento adulto e maduro das pessoas conscientes de que não podem controlar nem possuir a pessoa amada. Convivem para desenvolver uma relação dinâmica, que evolui, modifica-se com o passar do tempo e dará frutos preciosos – se bem cuidada. É uma relação baseada na troca de carinho, de idéias, de apoio, e não na exploração de uma pessoa pela outra, ou na busca de posições de cobrança sobre o outro.
O “assaltante emocional”, uma vez passado o entusiasmo inicial da paixão, torna-se uma companhia desgastante e difícil. Deixa de ser alguém que pode ser amado e passa a ser uma pessoa da qual é preciso livrar-se. Em geral, é a insegurança que motiva seu comportamento. Um tipo de insegurança originário de problemas pessoais, dificuldades emocionais profundas, que necessitam de tratamento e, por isso, não podem ser resolvidas com medidas práticas. Por mais que o parceiro se esforce por acalmar-lhe as ansiedades, haverá a busca de novos motivos para explicar inseguranças e desconfianças, justificando exigências infantis e absurdas. Nada será capaz de aplacar suas exigências, sempre renovadas. É o chamado poço sem fundo.
A solução para a vítima do “assaltante” é livrar-se dela ao menor custo possível. Quanto mais cedo perceber a índole do parceiro, mais depressa deve procurar romper. Convém evitar o prolongamento com a desculpa de tentar salvar a relação, pois o que se consegue de fato é aumentar os danos recíprocos e, em conseqüência, mágoas e ódios. Quanto maior a duração do elo, mais difícil e complicado dar-lhe fim sem sofrimento. Explica-se: o “assaltante” vai, aos poucos, construindo uma dependência emocional do outro, criando um vínculo perverso: em vez de uma relação de crescimento recíproco, duas pessoas cultivam neuroses e patologias variadas.
Essa espécie de ligação pode ser uma grande fonte de aprendizado. Aprende-se a fugir de certo tipo de pessoa e percebe-se quais as personalidades a evitar. Assim, a experiência protegerá contra futuros desastres amorosos. Mas se você continuar com o mesmo, voltar para ele ou cair nos braços de outro “assaltante”, cuidado. Significa que tem a sua parcela de responsabilidade. Errar uma vez pode ser inevitável. Cometer o mesmo erro de novo indica, no mínimo, imaturidade. Na maioria dos casos, porém, uma doentia atração pela posição de vítima.
Luiz Alberto Py, médico psiquiatra, psicanalista e conferencista. Publicou, pela editora Campus, o livro A linguagem da Saúde (1998).
Quando em um namoro ou casamento um dos parceiros sente-se “assaltado” pelo outro, isso quer dizer que o amor não está dando as cartas. O controle da situação foi assumido pelo ciúme, egoísmo, vaidade, prepotência e possessividade. Pois enquanto o amor predomina, a relação é marcada por altruísmo, generosidade, humildade e respeito pelo parceiro.
A confusão entre possessividade e amor é freqüente. Virou até um adesivo para se colocar no vidro traseiro do carro: “Não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho.” Quem acredita nessas palavras ainda não aprendeu que amor é doação, respeito, admiração e liberdade. Amor tem a ver com ser e estar. Não com ter e possuir.
A imagem do “assaltante emocional” descreve com precisão um tipo de comportamento que é característico de quem se deixou envolver pelo ciúme e perdeu o controle dos sentimentos, tornando-se escravo das emoções. Ora, amor é um sentimento adulto e maduro das pessoas conscientes de que não podem controlar nem possuir a pessoa amada. Convivem para desenvolver uma relação dinâmica, que evolui, modifica-se com o passar do tempo e dará frutos preciosos – se bem cuidada. É uma relação baseada na troca de carinho, de idéias, de apoio, e não na exploração de uma pessoa pela outra, ou na busca de posições de cobrança sobre o outro.
O “assaltante emocional”, uma vez passado o entusiasmo inicial da paixão, torna-se uma companhia desgastante e difícil. Deixa de ser alguém que pode ser amado e passa a ser uma pessoa da qual é preciso livrar-se. Em geral, é a insegurança que motiva seu comportamento. Um tipo de insegurança originário de problemas pessoais, dificuldades emocionais profundas, que necessitam de tratamento e, por isso, não podem ser resolvidas com medidas práticas. Por mais que o parceiro se esforce por acalmar-lhe as ansiedades, haverá a busca de novos motivos para explicar inseguranças e desconfianças, justificando exigências infantis e absurdas. Nada será capaz de aplacar suas exigências, sempre renovadas. É o chamado poço sem fundo.
A solução para a vítima do “assaltante” é livrar-se dela ao menor custo possível. Quanto mais cedo perceber a índole do parceiro, mais depressa deve procurar romper. Convém evitar o prolongamento com a desculpa de tentar salvar a relação, pois o que se consegue de fato é aumentar os danos recíprocos e, em conseqüência, mágoas e ódios. Quanto maior a duração do elo, mais difícil e complicado dar-lhe fim sem sofrimento. Explica-se: o “assaltante” vai, aos poucos, construindo uma dependência emocional do outro, criando um vínculo perverso: em vez de uma relação de crescimento recíproco, duas pessoas cultivam neuroses e patologias variadas.
Essa espécie de ligação pode ser uma grande fonte de aprendizado. Aprende-se a fugir de certo tipo de pessoa e percebe-se quais as personalidades a evitar. Assim, a experiência protegerá contra futuros desastres amorosos. Mas se você continuar com o mesmo, voltar para ele ou cair nos braços de outro “assaltante”, cuidado. Significa que tem a sua parcela de responsabilidade. Errar uma vez pode ser inevitável. Cometer o mesmo erro de novo indica, no mínimo, imaturidade. Na maioria dos casos, porém, uma doentia atração pela posição de vítima.
Luiz Alberto Py, médico psiquiatra, psicanalista e conferencista. Publicou, pela editora Campus, o livro A linguagem da Saúde (1998).
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Imagem do blog Tecendo idéias
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